Certa manhã, um vizinho, frequentador da missa, disse-lhe:
— Padre Quinderé, eu preciso confessar uma história para o senhor.
— Pois vamos para o confessionário.
— Padre, não é pecado não, é outra coisa.
— Pois se não é pecado, conte logo este segredo.
— Padre, também não é segredo não. Toda a vizinhança já sabe. É imundície...
— Que história amaldiçoada é essa que você está querendo me dizer? Conte logo, criatura.
— Toda noite quando o senhor apaga a luz e passa a tranca nas portas, lá pelas 10 horas, um sujeito baixo, entroncado pula pra dentro da sua casa pela janela que dá pra Rua Antonio Pompeu...
Ao cair da tarde desse mesmo dia, Dedé preveniu:
—Marietta, mande armar minha rede lá no quarto ao lado do oitão.
— Que invenção é essa Paderé, quem dorme lá é a Maria para receber o leite de manhãzinha.
—Pois hoje quem vai dormir lá sou eu, a Maria que vá para o quarto dela.
Ao apagar as luzes da casa, Dedé enrolou-se na rede, passando as varandas por cima do seu corpo e ficou esperando...
Não deu outra, na hora prevista, o sujeito pulou a janela, e sem perceber a mudança passou a mão por dentro da rede resmungando palavras indecentes.
Dedé pulou enfrentando o entroncado e perguntou:
— O que é que o senhor está fazendo dentro da minha casa a uma hora dessas?
— Padre Quinderé, o senhor me desculpe se lhe assustei, mas eu só queria saber que dia é hoje.
— E você está pensando que meu fiofó é calendário?
Não é preciso dizer que Maria não amanheceu em casa.
Fonte: www.casadoceara.org.br
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