sábado, 22 de março de 2014

Crônica de João Eudes Costa....

PARABÉNS LUCINHA PELA LUMINOSIDADE DE SUA EXISTÊNCIA.
João Eudes Costa
Há quarenta e um anos, surgiu na estrada de minha vida uma 
luz que, de início, pareceu-me tão modesta que comparei a uma tênue
réstia na escuridão da noite. Superando a barreira do precipitado 
julgamento, aproximei-me da minúscula luminosidade, porque toda 
claridade é importante na ansiedade de fugirmos das trevas 
em que caminhamos. Deslumbrado descobri a imensidão de uma 
luz que me fez segui-la.
Aquela estrela Divina que Deus pôs em meu caminhar foi você, 
minha filha Lucinha. Mesmo sem ter visto sequer a beleza do nascer 
de um novo dia, você me mostrou um mundo diferente daquele 
em que eu, sem qualquer deficiência visual, não enxergava, porque 
ignorava a importância das coisas simples e essenciais para nossa 
felicidade expressas na caridade, na solidariedade e no perdão.
Descobri a existência de um jardim matizado de lindas flores, 
sem a agressividade dos espinhos que nos ferem não apenas o 
corpo, mas abrem profundas chagas em nossa alma. Onde o 
desamor é ceifado pelos jardineiros da solidariedade ávidos a 
ajudarem os irmãos açoitados pela impiedade do abandono.
Você, Lucinha, sem ter dado nenhum passo na terra, guiada pelos 
braços de Jesus, antecipando-se à minha fortaleza física, livrou-me 
cair no abismo da prepotência e do orgulho para aonde minhas 
pernas sadias conduziam-me, porque era a única estrada que eu 
conhecia.
Sem proferir uma única palavra, você, Lucinha, traduz seus 
conselhos no pulsar de seu coração imaculado, onde não reside 
a maldade, recomendando-nos ver no próximo o verdadeiro irmão, 
ignorando as suas fraquezas, enaltecendo suas virtudes, perdoando 
suas ofensas, porque o perdão é a essência do amor, que Jesus 
recomendou entre nós, quando veio a terra glorificar a figura de 
Seu Pai e construir um mundo de harmonia e paz.
Suas mãos, minha filha, que jamais foram usadas para acolher 
fortuitas riquezas terrenas, são postas sempre à disposição 
dos que necessitam de apoio, porque caíram sob o peso da avareza, 
da inveja e da ambição, tomando de quem tem migalhas, para que 
se tornem sempre maiores seus tesouros materiais.
Chamamos deficientes pessoas que se apresentam com qualquer 
limitação física, porque só procuramos no semelhante as suas 
aparentes imperfeições. Somos detentores de tantos defeitos, 
que temos vergonha ou inveja de enaltecer as virtudes dos outros.
Cabe a interrogação para ser motivo de reflexão: será que não 
são os verdadeiros deficientes aqueles que enxergam, falam, escutam, 
andam e insistem em não exercer a fraternidade? Que fomentam 
intrigas e guerra fratricidas para conquistas pessoais e mostram-se 
insensíveis ao sofrimento dos que clamam por ajuda e os olham 
com indiferença sem lhes oferecer sequer uma palavra de conforto?
Por tudo isso, Lucinha, hoje, no dia de seu aniversário, estamos 
felizes pela sua existência em nossa família. Jamais a vemos como 
um pesado fardo que carregamos na vida. Pelo contrário, você 
representa para nós a real figura de Simão, o Cirineu, que vendo 
Jesus açoitado e desfalecido, ajudou-O a conduzir o pesado madeiro 
da Cruz Salvadora ao cume do Calvário.
Minha filha, no dia de seu aniversário natalício, não lhe ofertamos 
mesa ornamentada com ricos presentes, rodeada de pessoas 
cantando e aplaudindo para cumprir rituais de uma sociedade 
desprovida de sensibilidade e do verdadeiro afeto .
Preferimos ofertá-la nosso sincero amor e a nossa eterna gratidão 
por tudo que você nos ensinou na vida, como enviada do céu 
para essa sagrada missão.
Permaneça, Lucinha, muito tempo ao nosso lado, porque sem 
a sua luz caminharemos inseguros pelas tortuosas estradas da vida.

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