COLAPSO TOTAL
por Jaime Arantes
Com salários atrasados há quatro meses, os médicos do CAPS de Quixadá resolveram entrar em greve. Informações dão conta de que a Prefeitura deve cerca de 320 mil reais à instituição de saúde.
O CAPS de Quixadá atende, em média, cem pessoas todos os dias. Trata-se, assim, de um serviço indispensável. Além dos médicos, toda a equipe de prestadores de serviço também está com salários atrasados.
Desde o começo da semana o atendimento está paralisado, pois os profissionais não suportam mais trabalhar sem receber. A situação é muito preocupante, já que o CAPS também efetua atendimentos de emergência, como no caso de pacientes com surtos psicóticos.
Pelo visto, os médicos estão decididos a retornar ao trabalho apenas depois de receberem uma posição definitiva e solucionadora por parte da Secretaria de Saúde. Enquanto isso, os cidadãos que necessitam fazer uso dos serviços do CAPS voltam para casa sem receber aquilo que o pagamento dos impostos deveria garantir.
Os repasses federais que deveriam garantir a manutenção do serviço são feitos em base mensal, o que torna difícil para a prefeitura justificar a situação.
IBARETAMA SOCORRE QUIXADÁ
A situação da saúde em Quixadá chegou ao nível de colapso total. O Hospital Eudásio Barroso e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), esta última recentemente inaugurada, estão em estado de calamidade.
Quem procurou o Eudásio Barroso nesta quarta-feira, 02, ficou estupefato diante da constatação de que nem soro fisiológico a unidade possui para oferecer aos pacientes. Também não há gesso, seringas ou curativos para a traumatologia.
Diante do caos instalado e do desespero de não ter o que fazer para atender os acidentados e os adoentados, servidores da saúde de Quixadá resolveram pedir socorro ao município de Ibaretama. O pedido, em caráter de urgência, foi por soro fisiológico. Uma unidade custa, em média, apenas R$ 4,00.
O pedido de socorro, por mais necessário que seja em face do desespero, acaba revelando a profundidade da crise instalada no município. Em 2013, Quixadá arrecadou mais de 120 milhões de reais, o que equivale a quase seis vezes o valor arrecadado por Ibaretama. O valor destinado à saúde de Quixadá em 2013 praticamente ultrapassou a receita anual total de Ibaretama, o que torna o pedido de socorro realmente vexatório.
A situação ameaça a própria segurança das pessoas, já que muitas vezes um atendimento bem feito, a administração medicamentosa e o socorro em caráter de emergência são exatamente aquilo que está entre a vida e a morte. É consenso entre a população a necessidade de intervenção de autoridades estaduais ou federais, bem como a necessidade de atuação incisiva do Ministério Público.
Ainda nesta quarta-feira, o prefeito João Hudson deu posse ao novo Diretor Clínico daquele nosocômio, o Dr. Kleiber Marciano. A Dra. Ana Silvia Alencar, Diretora Administrativa, seria substituída pelo Sr. Josué do Hospital, porém, informações dão conta de que a troca idealizada pelo prefeito teria sido barrada pelo Deputado Osmar Baquit, que manteve Ana Silvia no cargo.
Em conversa com o novo Diretor Clínico do Eudásio Barroso, Dr. Kleiber Marciano, editores do Monólitos Post foram informados pelo médico que, ainda durante esta semana, haverá uma reunião do grupo gestor do nosocômio para tentar viabilizar medidas emergenciais. “Encontrei uma situação diferente daquela de quando saímos há cinco meses. Mas esperamos resgatar a credibilidade da instituição com a população. Para isso precisamos do apoio de setores importantes nesse processo. A imprensa, por exemplo, será de grande importância”, afirmou Marciano.
Indagado se receberia os mesmos valores que recebia o ex-diretor, Michel Ximenes, Dr. Marciano apenas riu e disse: “Vamos deixar essa história para quem compete resolver e fiscalizar. Quanto ao meu salário, essa é uma situação particular, procuro me reservar nesses momentos. Mas o meu salário não está fora da realidade do SUS.”
O PREFEITO
João Hudson empossou hoje, além do novo Diretor Clínico do Hospital Eudásio Barroso, o novo gestor da Fundação Cultural de Quixadá, Gilliarde Silva. Em seu discurso, o prefeito afirmou que não se preocupa nem um pouco com o que a imprensa publica, e chegou a classificar as matérias que revelam a realidade do município administrado por ele como “fofocas do Facebook”. João prossegue dizendo que “trabalha 24 horas pelo Quixadá” e que “só quer o bem do Quixadá”. Nas redes sociais a população ensaia a realização de manifestações destinadas a cobrar a administração pública.
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