terça-feira, 13 de maio de 2014

Para quem já passou dos 50...rssss

(Só podia ser do Luiz Fernando Veríssimo!)
Na semana passada, estava eu entrando n’um Banco, para ver se tinha restado algum trocado na minha conta, até o dia de a "viúva" (INSS) fazer o novo depósito. Foi quando uma linda garota, de uns quarenta anos, minissaia, entrou na fila dos caixas. Imediatamente, saí da fila dos idosos e também entrei na mesma fila em que ela estava.
Em pouco tempo ela olhou para trás e, sorrindo, me disse: “Por que o senhor não utiliza a fila dos idosos?”.
Você sabe para que lugar eu tive vontade de mandá-la, não é? Porém, mantive a calma e usei toda minha experiência. Puxei papo e resolvi inventar, para impressionar. Falei das minhas "experiências, como comandante de navio de cruzeiro"... Na semana anterior, eu havia lido um livro sobre um comandante de navio de turismo. Sabia tudo a respeito.
· Uau! O senhor foi comandante de transatlântico?
· Só por vinte e dois anos (respondi, expressando uma certa indiferença pelos anos de trabalho, mas sentindo que tinha capturado a presa. Era só abater e comer).
· Nossa!!!! E com essa sua pinta, o senhor deve ter, certamente, agradado, muito, o público feminino, nas noites de “jantar com o comandante”.
Boquiaberto só pude responder: “Hã?”. É que eu estava distraído, de olho fixo no decote da jovem, que exibia, exuberantemente, seus lindos seios.
Ela me pegou no flagra. Eu estava sem graça; mas, ela não fez por menos: “O senhor ficou vermelho! Ficou até mais bonito. Aliás, o senhor deveria fazer um teste na televisão”.
Eu estava perplexo e apavorado! Depois dos sessenta, isto acontece uma só vez, antes da morte. Aquele “avião”, pronto para decolar, e eu sem condições, nem mesmo de efetuar o check in. Sim! Eu não sabia, ao certo, quanto teria na minha Conta Corrente... Quanto estaria custando um Viagra? Onde poderia arrumar um “duzentão”, até o dia do depósito da "viúva"? Quanto estariam cobrando um por “apê”, n’um Motel? Será que se eu chamar um táxi, vai pegar bem? Comecei a suar frio.
· Eu? Artista de Televisão?
· Sim! O senhor lembra aquele famoso galã dos anos cinquenta... Um que minha avó me mostrou na revista "Rainha do Rádio". Aliás, ela tem verdadeira paixão por essas revistas. Adorava Marlene, Emilinha Borba... Deus nos livre de alguém mexer nas suas revistas! Ela as guarda a sete chaves; com o maior carinho. O senhor é saudosista também?
· Sim! Mas, você está me gozando... Galã dos anos cinquenta? Eu?
· Verdade... Não me lembro bem do nome dele; só sei que ele fazia filmes para o cinema... Era muito famoso. Ma... Mário? Não! Não era Mário... Era alguma coisa como... Ah sim, tinha dois “Z” no nome.
· Mário Gomezz (apelei)?
· Não; não era este o nome. Ahhh! Lembrei-me! Mazzaropi... Isto! Mazzaropi! Mazzaropi era um galã, não era?
Nesta hora minha autoestima fez um buraco no chão, e foi parar na “terra do sol nascente”. Pô, quando ela disse que eu parecia galã dos anos cinquenta, pensei n’um Paulo Gracindo, n’um Paulo Autran, ou em algum Antonio Fagundes da vida. Mas... Mazzaropi? PQP! Mas, até aí, tudo bem. Tudo era válido! Para eu pegar aquele “avião”, eu ia de Mazzaropi mesmo.
Aquele meu fabuloso programa da tarde só veio a acabar, quando ela, incautamente, derrubou um livro que tinha em mãos. Eu, como um verdadeiro cavalheiro, inventei de me abaixar para apanhá-lo. Só que me esqueci das recomendações do meu Ortopedista, sobre as minhas artroses e artrites, e que, quando eu me abaixasse, o fizesse de uma forma bem vagarosa.
Mas, enquanto o livro descia, eu, mais que depressa, inventei de pegá-lo na altura dos joelhos desnudos da jovem.
Ali, eu só escutei a frase dela: “Uau! Que reflexo! Você parece um garotão!". Ouvi esta frase, e mais dois sons. Um som abafado da região da minha coluna, que travou no ato;, e o som estridente de um prolongado peido - que além de sinalizar a frouxidão do meu rabo, lembrou-me da intensa dor na coluna. E quem disse que eu conseguia endireitar o corpo? Nem chamando o Carvalhão.
Arcado, quanto mais eu tentava me endireitar, mais peidava. Tentava..., e, novamente, peidava. Pô! E o pior, é que, havia pouco, eu tinha acabado de almoçar n’um restaurante alemão. Você pode imaginar o odor?
A jovem, vendo que a minha situação não revertia, tirou os dois dedos que apertavam suas narinas, apanhou o celular e discou para o SAMU.
Pronto! Fim de um sonhado romance...
Eu sei que você está rindo! Mas está rindo, por que não foi com você!
Luiz Fernando Veríssimo

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