Academia de Letras degradou-se na antiga estação ferroviária de Quixadá

Fundada em outubro de 2012, a Academia Quixadaense de Letras (AQL) passou a ter como sede a antiga Estação Ferroviária da cidade

FOTO: ALEX PIMENTEL

Quixadá. Sem obras de manutenção há quase dois anos, a sede da Academia Quixadaense de Letras (AQL), que funcionada na antiga estação ferroviária, encontra-se em condições físicas precárias e impedindo o funcionamento pleno da entidade.
Segundo a administradora a AQL, Angela Borges, a entidade da luta para restaurar a Estação. Segundo ela o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) havia se comprometido em realizar as obras, mas até agora nada foi feito e está prejudicando o funcionamento da Academia.
Conforme Angela Borges, o prédio foi cedido pela Transnordestina à AQL através de um contrato de comodato, feito por um ano e depois renovável por mais 20. A Estação foi recebida em péssimas condições de conservação. A Academia não tinha dinheiro para reformar, mas com o empenho de algumas pessoas, conseguiu tapar os buracos, caiar, trocar alguns caibros destruídos pelo cupim e retelhar o prédio. Depois disso o Iphan apareceu e a continuidade da restauração travou. Depois de muitas idas a Fortaleza, de reuniões com o órgão federal, ficou acertada a disponibilização de dois vãos, para montarem um escritório regional do Iphan. Em troca ajudariam com a reforma.
Destruição
Essa batalha já dura quase dois anos. Em razão da pendência, a AQL não tem condição de abrir o prédio e instalar sua biblioteca, de colocar em prática os projetos culturais idealizados, porque o Iphan não autoriza sequer colocar grades em portas centenárias, destruídas pelo cupim. "Eles alegam que vai alterar a estética do prédio. Precisamos resolver essa situação, mas até para conseguir uma ligação para o referido órgão é complicado. Quando não estão em reunião, estão viajando. O que sabemos é que eles têm um vasto patrimônio a preservar, daí as viagens, mas o nosso nem foi preservado e nem somos autorizados a preservar", desabafa. Enquanto isso, um grande acervo de livros, encaixotados, corre o risco de ser destruído pelo cupim, porque a AQL não tem como abrir a biblioteca na Estação sem antes catalogar todos eles e separar por assunto nas prateleiras.
Caso não consigam resolver a pendência com o Iphan, pretendem devolver o prédio, palco de tantas glórias para Quixadá. "Certamente terá o mesmo destino dos outros prédios históricos, os quais acabaram tombando pela sanha destruidora do tempo e das pessoas que não amam e não respeitam a história de sua terra natal", acrescentou.
De acordo com o chefe da Divisão Técnica do Iphan, o arquiteto Murilo Cunha, o Instituto já conta com parte dos recursos necessários para restauro da Estação de Quixadá, considerada de interesse cultural. Estão garantidos R$ 150 mil através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com um comerciante. Todavia, o valor não é suficiente para o restauro. Um projeto ainda será elaborado. Somente através dele será possível definir qual o valor total necessário para restaurar o prédio.
Recursos
O técnico do Iphan contesta a denúncia da representante da AQL, sobre o impedimento da Academia de realizar a restauração da Estação. "Entretanto antes de realizar qualquer obra é necessário apresentar o projeto. Toda a estrutura arquitetônica deverá ser preservada", ressaltou. Segundo ele, a AQL não realiza a obra porque não tem recursos. Fundada em outubro de 2012, na data do aniversário de Quixadá, a AQL passou a ter como sede a antiga estação ferroviária da cidade. Com 121 anos de fundação, o prédio estava ameaçado de demolição. Na época, a sociedade civil organizada promoveu movimento para preservar o imóvel, então pertencente a CFN Transnordestina.
Mais informações:
Academia Quixadaense de Letras
Praça da Estação - (88) 3412.0723 Superintendência do Iphan no Ceará, Rua Liberato Barroso, 525 Fortaleza - (88) 3221.6360
Alex Pimentel
Colaborador