segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Educação e Palmada... Espetacular. Não deixe de ler.

EDUCAÇÃO E PALMADA...
Recebo muitos pais preocupados em meu consultório. São pais que se queixam dos rumos que a vida do filho está tomando. Reclamam das más companhias, dos maus hábitos, da falta de organização, da falta de vontade com os estudos, da falta de apetite, do excesso de apetite, do excesso de peso, do excesso de magreza, das respostas inconvenientes, da falta de respostas, do quarto desarrumado, do namorado esquisito, das brigas na escola, do excesso de videogame, do excesso de “whatsapp”, do sono excessivo, da falta de responsabilidade... Querem que o filho faça terapia!
Em todos os casos eu pergunto sempre: “Mas, diga-me, qual a virtude que o seu filho possui?”
Neste exato momento, em geral, os pais apontam virtudes que julgam terem passado aos filhos, como: honestidade, bom caráter, boa índole... Quase todos os pais terminam com a frase: “no fundo ele/ela é um bom/boa menino/menina! O que estraga o meu filho/minha filha são as más companhias!”
Agora mesmo, muitos pais que leem este artigo devem estar pensando nos seus próprios filhos e dizendo a mesma coisa. São as más companhias...
Geralmente, o que falta é a consciência de que a educação é uma obrigação dos pais. Além disso, falta a compreensão de que os pais moldam a personalidade dos filhos; personalidade que fica mais ou menos porosa às más companhias, aos maus hábitos e ao excessivo gosto pelo confronto e pela quebra de regras. Estes mesmos pais, que possuem um ou vários dos mesmos problemas pelos quais se aborrecem com os filhos, não conseguem enxergar tais problemas neles mesmos.
É mais fácil atribuir o problema aos outros do que assumir que precisa mudar o próprio comportamento para que isso reflita no comportamento do filho.
O exemplo mais comum é a “palmadinha”...
As crianças são, na maioria esmagadora das vezes, uma consequência da educação que recebem (estão excluídas as patologias). Como não se pode dar o que não se tem, resta bater. A punição física é uma forma eficiente de conseguir um comportamento desejado, mas, infelizmente, é uma forma eficaz de ensinar que a violência é um meio rápido de conseguir o que se quer... A diferença entre uma palmada e uma surra é quantitativa. Qualitativamente trata-se da mesma coisa, ou seja, intimidação pela força. É isto que se ensina a uma criança quando se bate nela (mesmo que seja “apenas uma palmadinha”). Ensina-se que se pode impedir um comportamento ou que se pode impor uma vontade através da violência. Este mesmo pai vai ao consultório e reclama que o filho briga na escola ou que o filho bate no irmão mais novo... A resposta é imediata, dura: ele aprendeu assim!
Pais realmente preocupados com a condição dos filhos buscam terapia antes de enviar o filho para a terapia. Esse é o caminho. Primeiro deve-se entender o que causou o problema, para depois tomar a medida mais adequada. Mas isso quase não acontece. Infelizmente, a maioria dos pais não tiveram uma educação democrática e tendem a repetira mesma fórmula com os filhos. Esse é um ciclo difícil de quebrar. A velha desculpa do “isso funcionou comigo e sou honrado e trabalhador” não é totalmente honesta. As lembranças raramente são boas e sempre há uma mágoa escondida nesse discurso...
A realidade nua e crua é a seguinte: TANTO OS DEFEITOS QUANTO AS VIRTUDES DE UMA CRIANÇA SÃO FRUTO DA EDUCAÇÃO DADA PELOS PAIS. Não se pode atribuir aos pais as coisas boas e jogar as coisas ruins na conta das más companhias ou em outra conta qualquer.
Educar é difícil e não teria nenhuma graça se fosse fácil...


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