sábado, 25 de janeiro de 2014

Rua Francisco Segundo da Costa - Histórico



Foto atual da Rua Francisco Segundo da Costa - Centro - Quixadá

RUA FRANCISCO SEGUNDO – Centro – Com início na Rua Rui Barbosa, seguindo em direção leste–oeste até a lagoa. Denominada através da Lei Nº 1.042, de 20.11.1981, registrada no livro Nº 8 da Câmara Municipal proposição do vereador Agenor Queiroz Magalhães, sancionada pelo prefeito Renato de Araújo Carneiro.
FRANCISCO SEGUNDO DA COSTA – Nasceu em Quixadá, no dia 19 de janeiro de 1895, no sítio Combate, filho de José Segundo da Costa e Cândida Brasilina da Costa. Foi batizado na Matriz de Jesus Maria e José pelo Padre Antônio Lúcio Ferreira, tendo como padrinhos João Gonçalo de Pamplona e Maria Teófilo de Queiroz.
Casou-se, em Fortaleza a 11.11.1919, com Maria Cavalcante Costa, com quem teve 12 filhos: José, Rocicler, Elvira, Luiz Paulo, Escolástica, Eneida, Elizabete, Francisco Segundo, Edmilson, João Eudes, Tarcísio e Tadeu.
Quando jovem foi levado para a vila de Caiçarinha, pelo irmão José Segundo, a fim de trabalhar em sua loja. Ali permaneceu até 1923, quando veio morar em Quixadá, pois sua esposa era professora e foi transferida para integrar o primeiro corpo docente do Grupo Escolar de Quixadá, atual Escola José Jucá.
Francisco Segundo passou a comercializar, admitiu um sócio que o levou à falência. Adquiriu um caminhão. Foi o primeiro fazer a linha Quixadá - Serra do Estevão, aos sábados. Os vinte quilômetros percorridos, na recém estrada construída  pelo engenheiro Dr. Olímpio, em 1919/1920, eram percorridos com dificuldade, pela reduzida potência do veículo, para subir uma elevação dos seis quilômetros da serra.
Contratado o seu veículo pelo DNOCS para transportar trilhos e ferros do almoxarifado do Açude do Cedro para uma fazenda, houve denúncia, acerca da retirada da mercadoria. Interpelado pela comissão de sindicância daquele órgão federal, Francisco Segundo confirmou o transporte.
Este depoimento comprometeu a direção do DNOCS em Quixadá, que não queria revelado o desvio da mercadoria. Por isso, quando Francisco Segundo tentou, na seca de 1932, com três filhos menores, sem recursos, empregar-se na construção do açude do Choró, foi impedido pelo engenheiro Chefe, Dr. Pompeu Sobrinho. 
Francisco Segundo deslocou-se para Icó, onde os flagelados eram acolhidos para execução de obras do governo, ficando exposto, com esposa e filhos menores, à epidemia que ceifou milhares de vidas dos que buscavam sobrevivência no aglomerado de vitimas da grande seca de 1932.
 Através do ato Nº. 4 de 17 de junho de 1935, o Prefeito José Colombo de Sousa, nomeou Francisco Segundo da Costa para o cargo de “Primeiro Fiscal” da Prefeitura Municipal de Quixadá. Por seu desempenho, responsabilidade e cumprimento às determinações recebidas, o Prefeito Francisco de Assis Ferreira o promoveu, através da Portaria Nº. 30 de 2 de janeiro de 1936, a Inspetor de Arrecadação com o salário mensal de RS 250$000 (duzentos e cinqüenta mil reis).
Em 05.02.1948 o Prefeito Dr. Eliézer Forte Magalhães o promoveu ao cargo de escriturário classe “O” e, em 02.01.1950,  a Diretor de Secretaria, classe “R”.
Com o pequeno salário da Prefeitura e ajuda da esposa, criou e educou, com muito sacrifício, filhos, sobrinhos, afilhados e amigos. Em sua casa nunca faltava lugar para acolher um parente ou filho de um amigo que desejasse estudar em Quixadá. Sua mesa não era posta com comidas de qualidade, mas nunca faltou lugar para quem  chegava, porque o amor, o espírito de doação de Francisco Segundo e esposa renovava, diariamente, em sua casa, o milagre da multiplicação dos pães.
Jamais se apossou da herança recebida do pai, proprietário de vários hectares de terra na fazenda “Combate”, nos férteis aluviões do Sitiá. O que lhe coube, parte doou a um sobrinho muito pobre e o restante ficou em comum com um irmão e jamais procurou dividir, alegando que muito mais o devia, pois na sua juventude havia sido por ele acolhido e orientado para ser um verdadeiro cidadão a serviço do bem, do amor e da paz.
Certa vez, eu o criticando porque ele não tinha sequer uma casa para morar e o que havia recebido de herança, jamais tinha tomado posse, respondeu que os bens materiais não asseguram felicidade. Justificou com uma interrogação: Se possuísse muitos bens e não tivesse os filhos para me acolher e dar amor, será que era feliz como sou, possuindo apenas uma bengala, para apoiar a minha velhice? 
Vítima de um câncer, não dispunha de recursos para fazer o tratamento em Fortaleza. O IPEC não assumiu os encargos financeiros do tratamento, pois, a Prefeitura, apesar de descontar, todos os meses do salário dos funcionários, o valor da contribuição devida, não fazia o recolhimento ao IPEC. Para que o funcionário não fosse prejudicado, o Prefeito Dr. Hermínio Medeiros Dinelly efetuou o pagamento das contribuições em atraso.
Além disso, a título de gratificação, concedeu a Francisco Segundo a importância de CR$ 1.000,00, para ajudar nas despesas  de seu tratamento em Fortaleza. Na concessão, através da portaria Nº 7 de 19.05.1951, justificou:
Considerando que o funcionário Francisco Segundo da Costa, no decurso de muitos anos de serviço à Municipalidade tem se revelado exato cumpridor dos seus deveres,  não escolhendo dia nem hora para se desobrigar de suas incumbências.
Considerando mais, que, no decurso de minha gestão, o referido funcionário, mesmo doente, tem sido um colaborador eficiente e incansável.
Considerando, finalmente, que, dada a sua situação econômica, o município não pode remunerar, suficientemente, os seus funcionários mais eficientes, como acontece com o funcionário em apreço.
Mando que sejas concedido, ao referido servidor, a título de gratificação, CR$ 1.000,00, destinada a auxiliá-lo no tratamento de sua saúde.
Após gozar a licença prêmio de 180 dias, concedida pela portaria Nº. 30, de 15.07.1952, nos termos do art. 161 da Constituição do Estado, Francisco Segundo, por ser portador de doença incurável, foi, finalmente, aposentado em 20 de abril de 1953, com vencimentos integrais, nos ternos do art. 160, Nº. XII da Constituição Estadual.
Faleceu às 14 horas do dia 29 de julho de 1981, no Hospital Eudásio Barroso em Quixadá, vítima de um Acidente Vascular Cerebral. 
Permitam que eu preste homenagem a esse homem que foi o símbolo da humildade, exemplo de resignação, padrão de honra, dignidade e a imagem do verdadeiro cristão. Recordo dele, com imorredoura saudade e o vejo, diariamente, com os olhos da alma, porque ele foi meu grande amigo, além de ídolo. Este homem que felizmente a saudade não deixa que ele se separe de mim é o meu querido e inesquecível pai.




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