Foto atual da Rua Francisco Segundo da Costa - Centro - Quixadá |
RUA
FRANCISCO SEGUNDO – Centro – Com início na Rua Rui Barbosa, seguindo em
direção leste–oeste até a lagoa. Denominada através da Lei Nº 1.042, de
20.11.1981, registrada no livro Nº 8 da Câmara Municipal proposição do vereador
Agenor Queiroz Magalhães, sancionada pelo prefeito Renato de Araújo Carneiro.
FRANCISCO
SEGUNDO DA COSTA – Nasceu em Quixadá, no dia 19 de janeiro de 1895, no
sítio Combate, filho de José Segundo da Costa e Cândida Brasilina da Costa. Foi
batizado na Matriz de Jesus Maria e José pelo Padre Antônio Lúcio Ferreira,
tendo como padrinhos João Gonçalo de Pamplona e Maria Teófilo de Queiroz.
Casou-se, em
Fortaleza a 11.11.1919, com Maria Cavalcante Costa, com quem teve 12 filhos:
José, Rocicler, Elvira, Luiz Paulo, Escolástica, Eneida, Elizabete, Francisco
Segundo, Edmilson, João Eudes, Tarcísio e Tadeu.
Quando jovem
foi levado para a vila de Caiçarinha, pelo irmão José Segundo, a fim de
trabalhar em sua loja. Ali permaneceu até 1923, quando veio morar em Quixadá,
pois sua esposa era professora e foi transferida para integrar o primeiro corpo
docente do Grupo Escolar de Quixadá, atual Escola José Jucá.
Francisco
Segundo passou a comercializar, admitiu um sócio que o levou à falência.
Adquiriu um caminhão. Foi o primeiro fazer a linha Quixadá - Serra do Estevão,
aos sábados. Os vinte quilômetros percorridos, na recém estrada construída pelo engenheiro Dr. Olímpio, em 1919/1920,
eram percorridos com dificuldade, pela reduzida potência do veículo, para subir
uma elevação dos seis quilômetros da serra.
Contratado o
seu veículo pelo DNOCS para transportar trilhos e ferros do almoxarifado do
Açude do Cedro para uma fazenda, houve denúncia, acerca da retirada da
mercadoria. Interpelado pela comissão de sindicância daquele órgão federal,
Francisco Segundo confirmou o transporte.
Este
depoimento comprometeu a direção do DNOCS em Quixadá, que não queria revelado o
desvio da mercadoria. Por isso, quando Francisco Segundo tentou, na seca de
1932, com três filhos menores, sem recursos, empregar-se na construção do açude
do Choró, foi impedido pelo engenheiro Chefe, Dr. Pompeu Sobrinho.
Francisco
Segundo deslocou-se para Icó, onde os flagelados eram acolhidos para execução
de obras do governo, ficando exposto, com esposa e filhos menores, à epidemia
que ceifou milhares de vidas dos que buscavam sobrevivência no aglomerado de
vitimas da grande seca de 1932.
Através do ato Nº. 4 de 17 de junho de 1935, o
Prefeito José Colombo de Sousa, nomeou Francisco Segundo da Costa para o cargo
de “Primeiro Fiscal” da Prefeitura Municipal de Quixadá. Por seu desempenho,
responsabilidade e cumprimento às determinações recebidas, o Prefeito Francisco
de Assis Ferreira o promoveu, através da Portaria Nº. 30 de 2 de janeiro de
1936, a Inspetor de Arrecadação com o salário mensal de RS 250$000 (duzentos e
cinqüenta mil reis).
Em
05.02.1948 o Prefeito Dr. Eliézer Forte Magalhães o promoveu ao cargo de
escriturário classe “O” e, em 02.01.1950,
a Diretor de Secretaria, classe “R”.
Com o
pequeno salário da Prefeitura e ajuda da esposa, criou e educou, com muito
sacrifício, filhos, sobrinhos, afilhados e amigos. Em sua casa nunca faltava
lugar para acolher um parente ou filho de um amigo que desejasse estudar em
Quixadá. Sua mesa não era posta com comidas de qualidade, mas nunca faltou
lugar para quem chegava, porque o amor,
o espírito de doação de Francisco Segundo e esposa renovava, diariamente, em
sua casa, o milagre da multiplicação dos pães.
Jamais se
apossou da herança recebida do pai, proprietário de vários hectares de terra na
fazenda “Combate”, nos férteis aluviões do Sitiá. O que lhe coube, parte doou a
um sobrinho muito pobre e o restante ficou em comum com um irmão e jamais
procurou dividir, alegando que muito mais o devia, pois na sua juventude havia
sido por ele acolhido e orientado para ser um verdadeiro cidadão a serviço do
bem, do amor e da paz.
Certa vez,
eu o criticando porque ele não tinha sequer uma casa para morar e o que havia
recebido de herança, jamais tinha tomado posse, respondeu que os bens materiais
não asseguram felicidade. Justificou com uma interrogação: Se possuísse muitos
bens e não tivesse os filhos para me acolher e dar amor, será que era feliz
como sou, possuindo apenas uma bengala, para apoiar a minha velhice?
Vítima de um
câncer, não dispunha de recursos para fazer o tratamento em Fortaleza. O IPEC
não assumiu os encargos financeiros do tratamento, pois, a Prefeitura, apesar
de descontar, todos os meses do salário dos funcionários, o valor da
contribuição devida, não fazia o recolhimento ao IPEC. Para que o funcionário
não fosse prejudicado, o Prefeito Dr. Hermínio Medeiros Dinelly efetuou o
pagamento das contribuições em atraso.
Além disso,
a título de gratificação, concedeu a Francisco Segundo a importância de CR$
1.000,00, para ajudar nas despesas de
seu tratamento em Fortaleza. Na concessão, através da portaria Nº 7 de
19.05.1951, justificou:
Considerando
que o funcionário Francisco Segundo da Costa, no decurso de muitos anos de
serviço à Municipalidade tem se revelado exato cumpridor dos seus deveres, não escolhendo dia nem hora para se
desobrigar de suas incumbências.
Considerando
mais, que, no decurso de minha gestão, o referido funcionário, mesmo doente,
tem sido um colaborador eficiente e incansável.
Considerando,
finalmente, que, dada a sua situação econômica, o município não pode remunerar,
suficientemente, os seus funcionários mais eficientes, como acontece com o
funcionário em apreço.
Mando que
sejas concedido, ao referido servidor, a título de gratificação, CR$ 1.000,00,
destinada a auxiliá-lo no tratamento de sua saúde.
Após gozar a
licença prêmio de 180 dias, concedida pela portaria Nº. 30, de 15.07.1952, nos
termos do art. 161 da Constituição do Estado, Francisco Segundo, por ser
portador de doença incurável, foi, finalmente, aposentado em 20 de abril de
1953, com vencimentos integrais, nos ternos do art. 160, Nº. XII da
Constituição Estadual.
Faleceu às
14 horas do dia 29 de julho de 1981, no Hospital Eudásio Barroso em Quixadá,
vítima de um Acidente Vascular Cerebral.
Permitam que
eu preste homenagem a esse homem que foi o símbolo da humildade, exemplo de
resignação, padrão de honra, dignidade e a imagem do verdadeiro cristão.
Recordo dele, com imorredoura saudade e o vejo, diariamente, com os olhos da
alma, porque ele foi meu grande amigo, além de ídolo. Este homem que felizmente
a saudade não deixa que ele se separe de mim é o meu querido e inesquecível
pai.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita, indique aos amigos.