domingo, 8 de junho de 2014

Eu e Você - João Eudes Costa



EU E VOCÊ
                                                João Eudes Costa

Açoitado pelo chicote da solidão. Com os pés chagados pela agressão das pedras pontiagudas. Cansado. Sem ânimo. Com a visão turvada pela escuridão do desalento, estava caído um caminheiro, na sarjeta de seus desenganos.
Como por encanto, uma luz surgiu à sua frente, iluminando tudo. Até então, vivia mergulhado na desilusão e na tristeza. Foi o clarear de um novo dia, que trouxe, ao andarilho, esperança em algo de belo que ainda existia no mundo.
Deu-lhe força para se erguer e acreditar que ainda podia encontrar a felicidade. Enxugou as lágrimas e, em seu rosto, surgiu um sorriso que, há muito, estava sepultado no sepulcro da depressão.
O viandante que experimentou a ressurreição de um coração que estava morto e incapaz de voltar a amar; que sentiu uma força estranha reconduzir um corpo remoçado envolto numa alma repleta de alegria; que descobriu uma nova estrada de exultação e esperança: SOU EU.
Aquela luz que me fez renascer e despertou para um mundo que ainda não se extinguira em mim: FOI VOCÊ.
Tenha paciência com o caminheiro, que, de tanto ter sofrido na escuridão da incerteza, não sabe viver sem o brilho de sua luz. Caminheiro que não sabe falar para traduzir o tanto que o seu clarão representa para ele. Caminheiro que é uma minúscula luz diante da expressão de sua luminosidade, mas que, no seu coração, há um lugar que você fez por merecer.
Caminheiro, que, ao partir, para a viagem sem volta, levará um coração, e, dentro dele, estará a sua imagem, o seu carinho, a sua dedicação, sua compreensão, sua bondade e a luz que você representou para um nômade que, ao seu lado, encontrou abrigo.
Ponha-me, Ângela, num cantinho de seu coração, pois sou uma tênue luz que deseja, também, se tornar magnificente no firmamento de seu amor.





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