EU E
VOCÊ
João Eudes Costa
Açoitado pelo chicote
da solidão. Com os pés chagados pela agressão das pedras pontiagudas. Cansado.
Sem ânimo. Com a visão turvada pela escuridão do desalento, estava caído um
caminheiro, na sarjeta de seus desenganos.
Como por encanto, uma
luz surgiu à sua frente, iluminando tudo. Até então, vivia mergulhado na
desilusão e na tristeza. Foi o clarear de um novo dia, que trouxe, ao
andarilho, esperança em algo de belo que ainda existia no mundo.
Deu-lhe força para se
erguer e acreditar que ainda podia encontrar a felicidade. Enxugou as lágrimas
e, em seu rosto, surgiu um sorriso que, há muito, estava sepultado no sepulcro
da depressão.
O viandante que
experimentou a ressurreição de um coração que estava morto e incapaz de voltar
a amar; que sentiu uma força estranha reconduzir um corpo remoçado envolto numa
alma repleta de alegria; que descobriu uma nova estrada de exultação e
esperança: SOU EU.
Aquela luz que me fez
renascer e despertou para um mundo que ainda não se extinguira em mim: FOI
VOCÊ.
Tenha paciência com o
caminheiro, que, de tanto ter sofrido na escuridão da incerteza, não sabe viver
sem o brilho de sua luz. Caminheiro que não sabe falar para traduzir o tanto
que o seu clarão representa para ele. Caminheiro que é uma minúscula luz diante
da expressão de sua luminosidade, mas que, no seu coração, há um lugar que você
fez por merecer.
Caminheiro, que, ao
partir, para a viagem sem volta, levará um coração, e, dentro dele, estará a
sua imagem, o seu carinho, a sua dedicação, sua compreensão, sua bondade e a
luz que você representou para um nômade que, ao seu lado, encontrou abrigo.
Ponha-me, Ângela, num
cantinho de seu coração, pois sou uma tênue luz que deseja, também, se tornar
magnificente no firmamento de seu amor.
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