sábado, 9 de agosto de 2014

Academia de Letras é desalojada da antiga Estação Ferroviária de Quixadá

Quixadá


O prédio, que pertencia ao acervo da extinta Rffsa, foi incluído na lista do Instituto do Iphan. Sem autorização para reformar o imóvel e adaptá-lo às atividades da AQL, sua direção decidiu mudar-se do lugar histórico

FOTO: ALEX PIMENTEL

Quixadá. Após contínuos apelos ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Academia Quixadaense de Letras (AQL) resolveu desalojar-se da Estação Ferroviária desta cidade. O prédio, que pertencia ao acervo da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (Rffsa), passou para os domínios da CFN Transnordestina e em seguida foi incluído na lista do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Sem autorização para reformar o prédio e adaptá-lo às atividades da AQL, sua direção decidiu mudar-se do imóvel histórico.
A decisão foi tomada no fim de julho, mediante votação numa assembleia geral, sendo determinada a devolução do prédio à Transnordestina. Estavam cansados de esperar pela reforma do local, a qual se arrasta há quase dois anos. Diante da recusa do Iphan em autorizar a remoção de apenas uma parede interna para adaptação dos projetos, aprovaram a devolução do prédio. Após muitos encontros, com o auxílio da Associação das Famílias e Amigos de Quixadá (Afaq), a AQL havia conquistado a concessão de uso por até 20 anos. A ideia era transformar o lugar num recanto cultural ativo e agradável.
Recursos
Acerca da situação da Estação Ferroviária, conforme o chefe da Divisão Técnica do Iphan, arquiteto Murilo Cunha, o órgão já conta com parte dos recursos necessários para restauro do prédio considerado de interesse cultural. Serão destinados R$ 150 mil para o restauro. O recurso foi assegurado através de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com um comerciante. Mas o projeto ainda será elaborado. Ele contestou haver algum tipo de impedimento da Academia em realizar a restauração da Estação. Alegou entretanto, haver a necessidade de apresentação de um projeto. A AQL já havia apresentado o projeto, rebateu a representantes dos escritores, Angela Borges.
Ela fez questão de ressaltar a AQL não foi expulsa da Estação Ferroviária pelo Iphan. Mas não escondeu a frustração dos escritores quanto às dificuldades para adequarem o imóvel as atividades programadas para o novo espaço. Além dos encontros mensais havia intenção de abrirem uma biblioteca ao público, inclusive à noite, e tornar o entorno da velha estação ferroviária sociável. Apesar da restauração feita pela Academia, recuperando o prédio o qual foi encontrado em ruínas, atualmente o lugar é utilizado por usuários de drogas. Na praça havia uma Gibiteca, mas foi fechada.
Memorial
De acordo com a administradora da AQL, Angela Borges, esposa do escritor imortal e presidente da Academia, João Eudes Costa, o colegiado literário está procurando um novo local para a sede. A Prefeitura de Quixadá ofereceu um terreno para a construção de uma sede própria, todavia, fica situado em local inadequado e distante do Centro. A alternativa encontrada pelos associados é serem recebidos como hóspedes do Memorial Cego Aderaldo, no Centro da cidade, defronte a Praça José de Barros.
Enquanto os Imortais do Sertão Central se articulam junto a lideranças políticas vislumbrando a conquista de um espaço especial no Memorial, a Secretaria de Cultura do Ceará (Secult) busca a captação do acervo cultural e do mobiliário para inauguração do antigo casarão de Maria Gomes, cujo restauro foi concluído no início de julho. Havia previsão do novo espaço cultural abrir suas portas em março deste ano, mas o capricho nos detalhes atrasou um pouco a obra. Como terá entre outras atividades oficinas de literatura de cordel, estilo predileto de Cego Aderaldo, os 24 Imortais da AQL também poderão expor suas obras. Alguns eles, como o juiz federal Marcos Mairton Silva, também se dedicam a esse estilo de literatura.
Ainda não está oficializado, e nem a administração municipal foi procurada pela Secult, entretanto, conforme o diretor da Fundação Cultural de Quixadá, Giliarde Silva, provavelmente caberá à Fundação administrar o novo Memorial, através de uma gestão compartilhada. Havendo espaço, a AQL será muito bem recebida e acolhida. Ele apontou ainda vários outros prédios como alternativa de sede para a Academia de Letras.
"Os nossos imortais não ficarão sem uma sede para seus encontros e realizações de atividades culturais, mas precisam sentar conosco para discutirmos alternativas concretas. Nunca fomos procurados por eles", acrescentou o gestor.
Alex Pimentel
Colaborador
DN

Nota de Esclarecimento da AQL
O Sr. Murilo Cunha, funcionário do IPHAN insiste em dizer que a Academia não apresentou nenhum projeto de reforma, o que não é verdade. Apresentamos sim, mas à Transnordestina, pois o nosso contrato era com eles. Desconhecíamos até a existência do IPHAN, uma vez que o patrimônio histórico que era para ser preservado e fiscalizado por eles em nossa cidade, estavam indo ao chão.
Queria deixar bem claro que o fato da interferência do IPHAN existe sim, e vou esclarecer o motivo. Dois dias após termos assinado contrato com a Transnordestina e recebido as chaves da estação, o IPHAN enviou um ofício para eles solicitando o prédio, não podendo ser atendidos porque nós já estávamos com o documento legal. Então todo entrave à nossa ocupação e atividades partiu daí.
                          Ângela Borges






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