segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O último grande bordel brasileiro


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Houve um tempo em que a sacanagem era tão associada a Bauru quanto o famoso lanche pedido em todas as padarias e botecos brasileiros. Não era para menos: na cidade do interior de São Paulo vivia Eny Cezarino, que capitaneou por mais de três décadas uma das casas de prostituição mais famosa do país e considerada o “Último Grande Bordel Brasileiro”.
O cenário era hollywoodiano. Em seus 15 mil metros quadrados, instalados bem na entrada da cidade, o Eny’s Bar – ou simplesmente “Casa da Eny”, como era mais conhecida -, tinha 40 quartos, sauna, piscina, bares e as mulheres mais bonitas da região. A cafetina não media esforços para oferecer o melhor aos seus clientes. Seu maior atrativo era a discrição: passagens secretas e entradas exclusivas protegiam e mantinham à vontade os frequentadores mais vips.
Entre 1963 e 1983, auge da casa, o bordel colocou a cidade na rota de celebridades brasileiras. Escritores, artistas, grandes empresários, governadores, presidentes da República e até um príncipe austríaco enfrentavam centenas – e às vezes milhares – de quilômetros para usufruir uma noite de prazer em Bauru. Mas quem foi essa mulher que transformou uma pacata cidadezinha do interior na Meca brasileira dos prazeres carnais?

A maior cafetina do Brasil
Eny Cezarino parece que veio pra rasgar qualquer decoro social. Filha de imigrantes italianos e franceses, nasceu em São Paulo, em 1916. Recebeu uma rígida educação, que incluía estudar em colégio de freiras, casar-se virgem e ser uma típica dona de casa. Mas isso não estava em seus planos.
Ainda adolescente, descobriu o sexo com uma amiga mais velha e, algum tempo depois, perdeu a virgindade com o pai de um amigo, “por simples curiosidade”, como diria décadas depois ao rememorar a juventude.
A experiência sexual mudou sua vida e, com uma educação cada vez mais claustrofóbica, decidiu se mandar da casa dos pais e trabalhar como prostituta, primeiro em São Paulo, depois em Porto Alegre e Paranaguá. Na década de 1940, se mudou para Bauru por recomendações médicas: Eny sofria de uma grave bronquite e precisava de “ares puros”.
Em poucos anos tornou-se poderosa, influente, amiga de políticos e dona do maior e mais luxuoso bordel do país. Também doava grandes quantias de dinheiro para creches, escolas e obras sociais, tornando uma grande figura pública em Bauru. Oferecia aos ilustres clientes meninas bonitas, elegantemente vestidas e regularmente atendidas por um médico, que cuidava, ainda, para que não engravidassem.

Política da alcova
Nem só de sexo vivia Eny. A cafetina fazia campanhas políticas, angariava votos e ajudava a eleger amigos. Era um cabo eleitoral disputado e eficiente captadora de recurso, inclusive para Jânio Quadros, que a visitou para pedir votos em 1982, quando disputava o governo do estado de São Paulo. Além disso, sua casa recebia festas de confraternização de empresas e convenções de políticos, em pleno regime militar, eram comuns.
Também por sua influência junto às autoridades, sempre resolveu rapidamente todos os poucos problemas que teve com a polícia, como, por exemplo, o uísque contrabandeado do Paraguai que era vendido em sua casa.

Triste fim
Eny construiu um considerável império, chegando a possuir vinte e seis imóveis. Porém, morreu pobre e esquecida, numa cama de hospital, aos 81 anos, em 1987. Triste fim para quem marcou de maneira peculiar a história recente do Brasil.
Em várias declarações, a cafetina atribuía a decadência dos bordéis brasileiros à mudança dos costumes sexuais e aos anticoncepcionais, que liberaram às chamadas “moças direitas” o sexo com os namorados.
Fonte:http://super.abril.com.br/blogs/historia-sem-fim/o-ultimo-grande-bordel-brasileiro/

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