quarta-feira, 14 de maio de 2014

Especialistas alertam para cuidado no uso de antibióticos

Segundo especialistas, o aumento da resistência das bactérias tem relação com o excesso de medicação com antibióticos. Dados mais recentes da Anvisa apontam mais de 19 mil casos de infecção em 2012


Dentro e fora dos ambientes hospitalares, as infecções causadas pelo contato com bactérias podem ser tratadas com medicamentos feitos à base de substâncias antimicrobianas. Segundo especialistas, o uso indiscriminado dos antibióticos, em casos indevidos ou sem prescrição médica, gera resistência em espécies que conseguem se manter após mutações gênicas transmitidas de geração a geração.

De acordo com o médico infectologista Ivo Castelo Branco, a automedicação é um problema associado ao avanço das infecções bacterianas. “A recomendação é usar apenas o (medicamento) que é prescrito pelo médico. Tomar antibiótico por causa de uma virose não resolve a doença. Vai matando algumas bactérias e deixando as sobreviventes mais valentes”, explica. Segundo João Holanda Neto, conselheiro regional de Farmácia do Ceará, a administração de horários e dosagens dos remédios também é importante para conter o avanço das bactérias.

Para Neto, são positivas as medidas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2010, com a exigência de prescrição médica para venda de antibióticos em farmácias comerciais. Mesmo assim, o conselheiro orienta as pessoas a identificar se o estabelecimento tem o Certificado de Regularidade Técnica e um farmacêutico responsável. Ainda segundo Neto, deve haver um controle do uso de antibióticos também nos hospitais. “Existe a aplicação indevida em quadros não confirmados de vírus, por exemplo. Não é imprudência ou desinformação. Às vezes, é o que se pode fazer em situações emergenciais”, afirma.

Infecção hospitalar
Dados mais recentes da Anvisa apontam mais de 19 mil casos de infecções por bactérias nas UTIs do Brasil em 2012 (ver quadro). Dentre as espécies, está a bactéria Acinetobacter baumannii. Em Fortaleza, ela foi identificada em oito pacientes do Hospital do Coração de Messejana desde abril. Dos oito pacientes, sete morreram até a última sexta-feira, 9, e um permanece isolado na UTI cardiopulmonar. Segundo a assessoria da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), o último paciente tem quadro estável e vem reagindo bem ao tratamento com antibióticos.

Segundo Olga Vale, médica à frente da Coordenação Estadual de Controle de Infecção Hospitalar, todas as equipes de controle dentro dos hospitais públicos e privados de Fortaleza são qualificadas para evitar surtos causados por micróbios. Conforme relata, a lida contra as bactérias é rotineira e exige treinamentos constantes: orientações sobre higiene das mãos e equipamentos são básicas. No entanto, o esforço é maior para agir em condições de carência: “A assistência médica é muito pequena para o tamanho da população. Não temos infraestrutura. Devíamos ter mais postos de saúde, mais emergências. Imagine a dificuldade para conseguir leitos de isolamento em casos de infecção. Está tudo interligado”, alerta.
Fonte:http://www.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2014/05/14/noticiasjornalcotidiano,3250418/especialistas-alertam-para-cuidado-no-uso-de-antibioticos.shtml

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